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Toda a informação sobre o Glorioso

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Eusébio conta como foi chegada a Portugal há 50 anos

15.12.10, Benfica 73

Foi há 50 anos que Eusébio chegou a Portugal com destino ao Benfica. Para Eusébio e Cruz dos Santos, o jornalista de A BOLA destacado por Vítor Santos, histórico chefe de redacção de A BOLA, para fazer a reportagem da sua presença em Lisboa, parece que foi ontem.

«Então, senhor Ferreira?», atira Cruz dos Santos, depois de um prolongado e emotivo abraço, no jantar evocativo proporcionado, ontem, pelo nosso jornal. «Há muito que não nos víamos», reforça Cruz dos Santos. Eusébio sorri, emociona-se e recorda os primeiros passos em Lisboa com uma precisão quase cirúrgica.

«Estava um frio», lembra o Pantera Negra que, pela primeira vez, deixava a velha Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique, rumo à Metrópole. «Lá era Verão, mais de 40 graus, e eu trazia o meu fatinho», completa, dirigindo-se a Cruz dos Santos, jornalista de A BOLA e um dos três jornalistas que, naquela noite de 15 de Dezembro de 1960, o aguardava no aeroporto da Portela.

Pela primeira vez longe de Moçambique, Eusébio, 18 anos, nunca imaginaria o que o esperava na capital portuguesa. Era a grande figura do Sporting Clube de Lourenço Marques e os jornais portugueses há muito relatavam as suas façanhas. «Rui Martins, um antigo colaborador de A BOLA e que chegou mesmo a ser seleccionador de Moçambique, fazia muitos apontamentos sobre o Eusébio e as notícias que chegavam davam conta de que podia vir para o Sporting. Nessa altura, em Portugal ninguém conhecia a sua figura mas o seu nome já era conhecido», relata Cruz dos Santos. «Estava lá eu, o Nuno Ferreira e o David Sequerra (Mundo Desportivo)», acrescenta. Do Benfica, o comité de recepção era liderado «pelo director Domingos Claudino e pelos funcionários da secretaria do Benfica, na Rua Jardim do Regedor, Albino Rato e Júlio Teixeira».

INFLUÊNCIA DE COLUNA
Do aeroporto, seguiram todos para «a secretaria» do clube. «Ficámos lá até tarde», é a memória de Cruz dos Santos que assinala. «Cheguei à noite, uma quinta-feira. Só li depois as notícias da minha chegada, em A BOLA e no Mundo Desportivo, já no Algarve», junta Eusébio que, de seguida, lembra os primeiros momentos em Portugal. «O senhor Coluna é que me aguentou. Só conhecia Lourenço Marques, nunca tinha saído, e de repente há toda aquela confusão à minha volta. Tinha passagem de ida e volta e queria ir-me embora. A minha mãe tinha dito aos dirigentes do Benfica que se o seu filho não se adaptasse, o dinheiro estava todo no Banco Nacional Ultramarino. Eram 250 contos. Foi então que o senhor Coluna falou com o Gastão Silva(n.d.r- antigo chefe do departamento de futebol do Benfica) e disse-lhe para me tirar daqui sem ninguém saber.»
RUMO A LAGOS
Foi o que aconteceu. Eusébio nem conheceu Lisboa. Seguiu quase de imediato para o Algarve. «Fui para o hotel da Meia-Praia, em Lagos, que era do engenheiro Anta, um grande benfiquista», é ainda a memória prodigiosa do Pantera Negra a recordar. «Fui com o Domingos Claudino. Cada um ficou no seu quarto», atira, desmentindo, assim, algumas estórias que se generalizaram sobre a sua pontual estada no Algarve. «Levantava-me de manhã cedo e ia fazer umas corridas e dar uns toques. Ninguém me conhecia, no hotel eram só estrangeiros.» Ficou por lá «uns quatro dias» para que tudo se resolvesse, antes de voltar a Lisboa e de um emocionado telefonema para Moçambique. «Liguei para a minha mãe e disse-lhe 'já pode beber um copo, uma cervejinha preta, porque já sou jogador do Benfica'. Depois, mandei-lhe 100 contos em dinheiro, um prémio do presidente Maurício Vieira de Brito. O senhor Coluna disse-me para não ser em cheque, era melhor ser em dinheiro, porque a minha mãe ia gostar de receber as notas novinhas de mil escudos, aquelas azulinhas», lembra.
PRIMEIRO ORDENADO
Eusébio era, finalmente, jogador do Benfica. A estreia oficial aconteceria, apenas, em Maio de 1961. «O meu primeiro ordenado foi de cinco contos, depois passou para seis. O senhor Coluna, o senhor José Águas e o senhor Costa Pereira ganhavam 4.500 escudos», ainda recorda.

Fonte: A Bola

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