Fora de horas
Por tudo isto, será ridículo pôr em causa o valor profissional de Jesualdo Ferreira. Mas, acredito, soubesse ele o que sabe hoje, e talvez os euros andaluzes não tivessem falado mais alto do que a paciência – se estivesse livre ao tempo da caça a Queiroz, o “senador” Jesualdo teria argumentos suficientes para se bater (pelo menos) de igual para igual com os do candidato Paulo Bento. Assim, com estes três meses de atividade externa, corre-se o risco de uma mancha no último capítulo de alta competição de quem merecia outro desfecho. Resta saber se o professor está disposto a recomeçar… fora de horas. Já agora: para aqueles que propagandeiam o valor dos treinadores portugueses, este afastamento é um sério revés. Que deixa outra vez José Mourinho a “falar sozinho” o nosso Português, no que toca aos países realmente competitivos e à conquista de troféus de valor incontestado.
Ontem, na Luz, 15 minutos chegaram para passar do sublime ao susto. Depois da inesperada baixa de Aimar, valeu o jogo soberbo de Carlos Martins (a exibição mais completa que se lhe viu na Luz), seguido de perto por Fábio Coentrão, precisa e orgulhosamente os dois portugueses que se têm afirmado como mais-valias no plantel, e à distância por Javi García, Luisão e Kardec. Mais: o Benfica “ganhou” Salvio, repentista e craque, decisivo a lançar a jogada do segundo golo (passe milimétrico para Martins) e a ganhar de cabeça a bola que permitiu o contra-ataque do quarto.
Não houvesse Dragão no próximo domingo e estou convicto de que o peso dos números seria forçosamente outro – sem aquela tremideira “fora de horas” que vem relançar algumas dúvidas sobre o banco do Benfica. Filipe Menezes, Weldon e Jara ficaram muitos furos abaixo dos antecessores. Mas, em boa verdade, já não contava – o primeiro passo benfiquista deste novembro “tudo ou nada” foi mesmo de gigante.
Autor: João Gobern
Fonte: Record