Faz algum sentido que um clube de futebol tenha direito a isenções de taxas camarárias quando constrói espaços desportivos? Pode fazer sentido, sim – se por exemplo o clube estiver a melhorar e a incentivar a prática de desporto numa região carente dessa oferta. Faz algum sentido que seja o Benfica a receber uma isenção de taxas urbanísticas, pela Câmara Municipal de Lisboa? Não, não faz sentido nenhum. Mas ia acontecendo.
O assunto percorreu as páginas de jornais nas últimas semanas e a “borla” de 1,8 milhões de euros em relação a obras junto ao Estádio da Luz pode ter toda a justificação jurídica, mas é uma ofensa num país que esbulha os seus contribuintes e, especificamente, numa câmara municipal que está a aumentar “taxas e taxinhas” para se financiar, provocando por exemplo aumentos significativos nas contas da água dos seus munícipes.
O Benfica vai acabar por pagar, porque a Assembleia Municipal vai votar contra a decisão do executivo camarário e tem poder suficiente para chumbar a decisão. Helena Roseta desta vez foi a cara da oposição a António Costa. Ainda bem. Não só pela imoralidade da isenção mas pela colagem que tantas vezes é feita entre câmaras municipais e os clubes da cidade, gerando promiscuidades tantas vezes desaconselháveis, ou mesmo perigosas.
Se o Benfica tem milhões de euros para pagar em salários de jogadores de futebol todos os meses, tem de ter 1,8 milhões de euros para pagar à câmara municipal por causa de umas obras. Se não, são os contribuintes que estão a financiar o salário de Jonas, de Jesus e de Gaitan. Faz sentido? Não faz, pois não?
Fonte: Record