Lance Armstrong gostaria de voltar a competir. Na segunda parte da entrevista com Oprah Winfrey, depois de já ter admitido uso de substâncias dopantes ao longo da sua carreira, tem dúvidas se merece ser irradiado do ciclismo para sempre.
Esta segunda parte foi mais dedicada ao que aconteceu nos últimos meses, como o abandono de patrocinadores e o afastamento da fundação Livestrong, bem como as reações da família à sua queda progressiva, que culminou com a confissão de culpa durante a entrevista gravada segunda-feira.
«Mereço ser castigado, mas não tenho a certeza se mereço a pena de morte», disse, aludindo a castigos mais leves aplicados a outros corredores.
Recusando que a confissão sirva para tentar que a sua pena seja atenuada, reconheceu que gostaria de voltar à estrada: «Adoraria a oportunidade de voltar a competir, mas não é por isso que estou a fazer isto. Sou um competidor, sempre fui, toda a minha vida foi sobre atravessar aquela linha de meta. Sinto que caí em desgraça, estou muito envergonhado e humilhado.»
«Olhando para o meu castigo, recebi uma penalização que não me deixa competir. Não digo que é injusto, mas é diferente. Realisticamente, acho que a irradiação não vai ser levantada e vou ter de aprender a viver com isso», reconheceu.
Patrocinadores a fugir
Lance Armstrong disse a Oprah sentir agora remorsos, que têm tendência para crescer. O que lhe custa, admitiu, é a «traição para com as pessoas para com as pessoas que sempre disseram acreditar em mim e a quem menti».
O pior momento, apontou, foi quando a direção da fundação de luta contra o cancro que criou, a Livestrong, lhe pediu que se afastasse: «A fundação é como o meu sexto filho. Tomar a decisão de me afastar foi muito difícil, mas sabia a pressão que havia e foi a melhor coisa a fazer.»
A investigação da USADA (agência anti-doping norte-americana) no ano passado e acusação de que seria o líder de uma sofisticada rede de doping levou a que os seus patrocinadores começassem a cancelar contratos.
«A Nike ligou e disse ´estamos fora´. Depois seguiram-se outros telefonemas e daí a uns dias estavam todos fora. Perdia 75 mil dólares por dia. Perdi todos e provavelmente nunca voltarão», explicou.
Contar ao filho
A verdade teve de ser contada à família quando a situação começou a fugir do seu controlo e os filhos eram expostos a várias histórias na escola, nas redes sociais. «Um dos meus filhos defendia-me, dizia ´não é verdade´. Então eu soube que tinha de lhe contar, porque ele nunca me perguntou, sempre confiou em mim. Disse ao Luke que não me defendesse mais», disse Armstrong, no momento em que mostrou mais emoção.
Olhando para o passado, Armstrong aponta o pior momento da sua vida como o diagnóstico de cancro, ao mesmo tempo que prevendo o futuro, sabe que não poderá voltar a escorregar.
Na primeira parte da entrevista, o ex-vencedor de 7 Voltas a França disse que via o uso de doping como batota, uma vez que muita gente tinha acesso, mas antes um processo natural, como encher os pneus da bicicleta.
Fonte: A Bola