Domingo, 23 de setembro
Pelas 20 horas pai e filho preparam-se para assistir ao Académica – Benfica. Assistir aos jogos juntos já se tornou num ritual mesmo considerando a tenra idade do pequenote.
Inicia o jogo e em poucos minutos o Benfica envia duas bolas aos ferros da baliza adversária, e nesse preciso momento o pequenote inicia, já sendo habitual, a sua série de perguntas e comentários.
- Pai, hoje vai ser mais fácil, estamos perto do golo.
Os minutos vão passando, surge o primeiro ataque da Académica e o miúdo dispara:
- Pai não era fora-de-jogo?
- Era sim. - respondeu o pai.
Dois minutos mais tarde, penalty assinalado contra o Benfica, o pequeno incrédulo, vira-se para o pai e diz:
- Foi falta? E não foi fora da área? Mas afinal o que é um penalty?
Em apenas uns 15 segundos o pai do miúdo tinha sido “bombardeado” não com uma pergunta mas sim com três perguntas de rajada. Nervoso, o pai, enquanto assistia ao golo da Académica explicava ao seu filho desta maneira:
- Filho, falta existe porque o Maxi derruba o jogador adversário, mas foi fora da área. Para existirem penalties as faltas têm de ocorrer dentro da área.
Em cima do intervalo, Cardozo envia novamente a bola ao ferro da baliza e sai mais um comentário do jovem:
- Fogo, já é azar a mais, uns jogam outros marcam.
Chegou o intervalo, a dupla aproveita para jantar.
Início da 2ª parte, passados 5 minutos, penalty assinalado a favor do Benfica e cartão vermelho para o defesa da Académica. O pequenote, de pé, diz:
- Este é penalty, o cartão vermelho é bem mostrado?
- É sim porque o defesa ao cortar a bola com a mão, impede o golo.
Cardozo marca penalidade, guarda-redes para um lado e bola para o outro, estava feito o golo do empate. Pai e filho sem grandes festejos mas com um outro ar nas suas caras.
Os minutos passavam, os rostos começavam a fechar-se novamente e penalty contra o Benfica. Novamente confuso, o miúdo, reage assim:
- Não pode ser, o Garay só cortou a bola.
O pai nem reagiu ao que estava assistir, o filho continuava:
- É incrível, só sabem roubar, não jogam nada e já marcaram dois golos ajudados por um ladrão.
Até ao golo do Lima, a 5 minutos do final do jogo, o pequenote de um lado para o outro ia comentando sempre no mesmo sentido, «roubo atrás de roubo» e «sempre os mesmos a serem roubados». Levantou os braços em sinal de festejo, a quando o golaço do ponta de lança encarnado mas nem uma palavra mais.
Aos 87 minutos, Maxi é agredido por um tipo ligado à Académica e imediatamente surge a pergunta:
- Pai, mas agora já podem agredir os jogadores do Benfica sem ninguém fazer nada?
- Começo achar que contra o Benfica vale tudo desde que seja em seu prejuízo. - respondeu o pai.
Fim do jogo, a dupla estava triste mas o melhor estava para acontecer para o pai do miúdo.
- Pai, ao ver um jogo destes sinto que sou mais benfiquista que há duas horas atrás. Amo-te Benfica.
O Benfica não ganhou o jogo, mas ganhou um jovem benfiquista para o defender de todos os seus adversários e inimigos.