O Benfica foi o melhor na Luz e em Londres. O Benfica foi, objectivamente, melhor que o Chelsea, mas isso não chegou para chegar às meias-finais da Champions. Há quem pense e diga que foi a adversidade do factor sorte. Mas, como explicação, não é o bastante. Razão tinham os adeptos benfiquistas que pronunciavam em coro bem audível o nome de Michel Platini. Não sei se têm ou não razão, o que sei, sobretudo depois de ver o sr. Abramovich na bancada, é que é muito difícil chegar à linha da frente, numa competição assim, quando estão em jogo, mais do que talentos, grandes interesses e muitos, muito milhões. O Benfica tem uma história, um nome universal, uma glória de muitas décadas, mas tem dificuldade em garantir lugar na mesa dos ricos, dos muito ricos, que são ingleses e espanhóis. E é entre eles que o assunto vai ficar resolvido.
Nessa perspectiva, a arbitragem, de que nem costumo falar, desempenhou o seu papel de forma escandalosamente evidente. Fechou os olhos a umas infracções e valorizou outras ao ponto de ter garantido a determinante expulsão de Maxi Pereira, que tudo veio a desequilibrar, num momento em que cada jogador tinha de valer por dois. E logo Maxi, que não esteve feliz na entrada excessiva.
Não vimos a cara do sr. Abramovich, mas deve ter esfregado as mãos de contente. Contra 10 é sempre mais fácil do que contra 11.
O Benfica foi generoso e trabalhador e o Chelsea foi manhoso. O Benfica jogou “à Benfica” e o Chelsea jogou à italiana, tudo apostando nas virtudes desnorteantes de velozes contra-ataques. E mesmo assim esteve quase a perder.
Faltou pouco. Houve sorte a menos e o super-tatuado Meireles a mais.
Mas o Benfica veio de Londres com a cabeça bem erguida, de olhos postos no título, propondo-nos uma reflexão sobre o preço da quota no clube dos muito ricos, daqueles que as “troikas” nem se atrevem a beliscar. O sr. Platini, quando ouviu o seu nome ser gritado pela claque benfiquista, deve ter percebido bem o significado desta lembrança tao sonante. E nós também.
Fonte: Jornal O Benfica