Ramires saltou da Luz para um colosso inglês e ao fim de quase duas épocas em Londres mantém a humildade que sempre o caracterizou. O homem que começou por acalmar os adeptos encarnados ao dizer para terem calma, que não estavam perante "nenhum craque", é titular no Chelsea e há uma semana deu água pela barba a Emerson. Na Luz, deixou saudades, mas também uma declaração que muita tinta fez correr. Agora, através de O JOGO, aproveita para se desculpar ao compatriota - não pelo que o fez sofrer em campo, mas pelo que disse depois - enquanto lança o decisivo embate de amanhã: com os pupilos de Di Matteo bem longe do título inglês, a conquista da Liga dos Campeões pode muito bem ser uma "escapatória" de luxo para a época.
Disse no final da primeira mão que explorou o ponto fraco da defesa do Benfica, o esquerdo, onde jogou Emerson. É uma estratégia a repetir em Stamford Bridge?
Acabei por me explicar mal; aliás, até aproveito para deixar as minhas desculpas a Emerson. Quando me referi a isso, queria falar na equipa do Benfica como um todo e nunca quis referir-me concretamente a Emerson. Na altura caiu tudo sobre ele e devo-lhe um pedido de desculpas, porque não queria de maneira nenhuma faltar-lhe ao respeito. Aproveito para frisar isso, porque foi complicado e não tive essa intenção. Quando estiver com ele antes do jogo, vou pedir-lhe também desculpa pessoalmente.
Já o conhecia?
Não. Por acaso, não o conhecia do Brasil nem nunca o defrontei, mas mesmo assim temos de ter sempre todo o respeito por um colega de profissão, ainda para mais do Benfica. Além disso, se ele está no Benfica é porque tem qualidade.
Mas fez-lhe algumas maldades no Estádio da Luz, até no lance do golo...
Dentro do campo, cada um defende a sua camisola e tenta dar o melhor. Como nós queremos avançar na prova, todos demos o máximo. É preciso ver que a Champions pode salvar a nossa época e por isso estamos a dar tudo nesta competição, e também no campeonato, para garantir um lugar de acesso na próxima época.
O discurso de quase todos os elementos do Chelsea até agora tem sido muito cauteloso relativamente a este jogo decisivo com o Benfica. Como estão os jogadores a encarar a partida?
Há cautela, claro. A vitória na Luz foi só a primeira parte do jogo, e agora ainda temos o segundo tempo. Faltam 90 minutos, e sabemos que só temos um golo de vantagem. Na Luz, soubemos defender e agora esperamos um grande Benfica. Temos de respeitá-los até ao último segundo do último minuto, porque só quando o árbitro apitar é que podemos dizer que o apuramento está garantido.
Com as lesões de Garay, Jardel e Miguel Vítor, o Benfica terá grandes problemas para formar a defesa e deverá ser Javi García a fazer dupla com Luisão. É uma vantagem para o Chelsea explorar?
Este jogo vai ser muito difícil para nós. A motivação do Benfica vai ser ainda maior do que no primeiro jogo, e eles virão para cima de nós à procura do golo. Por isso, independentemente de quem joga na defesa, temos de estar bem ligados à corrente. Temos de estar preparados para tudo, de forma a não sermos surpreendidos por Jorge Jesus. Quanto a Javi García em concreto, é um jogador de grande qualidade; além disso, vai jogar com Luisão, que é o companheiro ideal. Quem jogar ali, ao lado de Luisão, a ouvir os conselhos e as correções dele, está sempre tranquilo. Luisão passa sempre boas instruções, e vamos esperar o que vai preparar o míster Jesus. Aliás, vamos é preparar-nos para o que ele vai montar, de forma a não sermos surpreendidos.
Ainda por cima, Fernando Torres começou a marcar golos...
É bom! O Nando voltou a faturar, Drogba também marca os golos dele, e tudo isso encaixa numa equipa mais competitiva.
E para este jogo, fez alguma aposta com os seus ex-companheiros do Benfica?
Não, desta vez ninguém fez apostas. Estamos é a trabalhar de forma muito séria, e não dá para isso. É um jogo tão importante que não dá para brincar ou relaxar minimamente. E além disso, imaginem o que é, por exemplo, perder um jogo destes e, no final, ainda ter de pagar um jantar ao adversário? [risos] Já chega a azia da derrota...
Fonte: O Jogo