Seis anos depois, o Benfica está nos quartos-de-final da Liga dos Campeões! Depois da derrota (3-2) na gélida russa, um verdadeiro Inferno da Luz, carregou um Benfica de Champions para a vitória (2-0). Fato de macaco vestido na primeira parte, cabecinha e sacrifício nos derradeiros 45 minutos. Maxi Pereira e Nélson Oliveira marcaram os golos de uma noite… “à Benfica”!
Em desvantagem na eliminatória e a ter, obrigatoriamente, de marcar para seguir em frente, cedo se percebeu ao que vinha este Benfica. E cedo – também - se percebeu que que as vozes agoirentas falaram antes de tempo. Depois de nas últimas partidas para o Campeonato Nacional o Benfica não ter conseguido vencer, era com enorme expectativa que se aguardava a resposta dada em campo pelos homens de Jorge Jesus… e os minutos iniciais mostraram imediatamente que este era um Benfica de Champions: sem fato de gala, mas vestido a rigor de fato de macaco.
Com um onze rotinado, com cada jogador a saber exactamente que posição adaptar e o que fazer, o Benfica fez o que lhe competia: tomou a iniciativa e as rédeas do encontro, partindo para cima de uma formação russa que muito pouco fez para além de nada tentar fazer. Dito de uma outra forma: antijogo puro ao longo dos primeiros 45 minutos.
Do outro lado uma equipa personalizada, com responsabilidade e que sabe muito bem a importância desta Champions. E quando assim é… futebol ofensivo, pressão altíssima e muita, muita vontade, onde – na maioria das vezes – faltou aquela estrelinha e, diga-se, também uma pontinha de discernimento.
O primeiro canto da partida pertenceu ao Benfica, logo aos dois minutos, e a partir daqui foi uma verdadeira avalancha ofensiva. Aos 14’, Bruno César tira as medidas da baliza, para a primeira grande defesa da noite. Aos 20’, belíssima jogada de combinação atacante, mas a bola – tão teimosa – percorre a linha de golo sem que alguém surgisse… e era só empurrar. Aos 24’, livre estudado, Cardozo aparece solto, mas o remate do paraguaio acaba por morrer na muralha de homens russos. Meia hora de jogo e mais um momento de espectacularidade na Catedral: Gaitán corre de área a área, faz todo o corredor central, mas na hora de matar o lance, o esférico sai um bocadinho adiantado, perdendo-se mais uma boa oportunidade de golo.
E os lances sucediam-se, com o nervoso miudinho a começar a tomar conta das hostes, com um Benfica a carregar, carregar, face a um amorfismo total da formação russa que, por esta altura, já nem no contragolpe apostava. Aos 38’, Emerson rematou de longe para, no minuto seguinte, Bruno César imitá-lo. A bola passava por cima, pelos lados, era defendida… enfim, que teimosa ela estava em entrar.
Mas já diz o ditado popular, “tantas vezes vai o cântaro à fonte”… e assim foi! Já nos minutos de compensação (apesar de quatro, foram poucos!), depois de mais um lance na área russa, surge o batalhador Maxi Pereira que – com frieza – remata seguro para o 1-0 (3-3 no cômputo das duas mãos) que virava a eliminatória a favor do único Clube que fez para o merecer.
Raça, querer e ambição… um Benfica à Campeão!
Segunda metade e uma partida bem mais movimentada. É que a perder na eliminatória o Zenit teria que fazer algo… pelo menos alguma coisa!
De forma tacticamente muito inteligente, o Benfica ofereceu a iniciativa de jogo aos russos, resguardando-se defensivamente. Com a subida no terreno da armada adversária, abriram-se novos espaços e era, então, a vez do Benfica de mostrar que, quando é necessário, também sabe jogar em contragolpe.
E foi dessa forma que Jardel, na sequência de um canto e Cardozo, num remate de meia distância, poderiam ter aumentado em vantagem. Escandalosa foi mesmo a oportunidade perdida por Tacuara, aos 69’, que, isolado na cara do guardião adversário, remata ao lado. Aos 74’, nova oportunidade para o paraguaio, mas desta vez o mérito vai todo para a defesa espectacular de Malafeev. No canto consequente, lance muito duvidoso, ficando por assinalar grande penalidade sobre Óscar Cardozo.
A tendência do encontro manteve-se, veja-se as substituições operadas, com a equipa “encarnada” a mostrar muita cabecinha e um espírito de entreajuda louvável. Com os russos a darem o tudo por tudo na recta final, à excepção de um remate perfeitamente controlado de Bruno Alves, coube ao Benfica as melhores oportunidades e, mais uma vez, não fosse alguma falta de estrelinha, os números da eliminatória poderiam mesmo ser outros.
A fechar a noite, justiça. Nélson Oliveira, depois de assistência de Bruno César, faz o 2-0 final, 4-3 no cômputo das duas mãos. O Benfica está, volvidos seis anos, nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, sendo que a última vez que o Benfica atingiu esta fase da prova foi em 2006, na altura Ronald Koeman era o timoneiro da formação “encarnada”.
Referir, por último, que o sorteio realiza-se na próxima sexta-feira, dia 16 de Março, em Nyon, com os desafios aprazados para 28 de Março (1.ª mão) e 4 de Abril (2.ª mão).
O Benfica alinhou com a seguinte equipa: Artur Moraes; Maxi Pereira, Luisão, Jardel e Emerson; Javi García, Witsel, Gaitán (Matic, 72’) e Bruno César; Cardozo (Nélson Oliveira, 80’) e Rodrigo (Nolito, 62’).
Texto: Sónia Antunes
Fonte: SLB