Fábio Coentrão, internacional português do Real Madrid, foi entrevistado pelo canal televisivo do clube. O programa, denominadoRealCoentrão, incidiu nos aspectos mais pessoais da vida do antigo jogador do Benfica, que não se furtou a nenhuma questão.
O programa arrancou ao som de “Beautiful Lie”, de Keemo, um tema escolhido pelo português, que aproveitou o arranque das questões para assumir as suas lacunas: “É uma canção que me agrada muito e muito gira. Olhe, eu não falo muito bem espanhol, mas vou esforçar-me…”
Quanto à sua personalidade, poucas dúvidas: “Sou uma pessoa tímida e que não fala muito, gosto de estar no meu canto. Simplesmente prefiro ficar no meu cantinho em várias ocasiões.”
Mas em Valdebebas, centro de treinos do Real, tudo muda e há um Coentrão mais brincalhão: “Quando chegamos a um clube e não conhecemos ninguém é normal estar mais calado, mas depois de algum tempo deixo-me abrir e falo mais. Gosto de rir muito com os companheiros.”
Um dos traços característicos de Coentrão é a sua humildade. E é o próprio quem o reitera: “Sim, a minha humildade sempre me fez chegar longe no futebol. Acho que para u m jogador, uma das coisas importantes é ser humilde e esse é um factor importante para mim.”
Nascido e criado em Caxinas, perto de Vila do Conde, o lateral merengue não tem dúvidas de que é mesmo esse local o seu pedacinho de céu e local inevitável para a “reforma”: “É o local onde nasci, onde vivi muito tempo e para onde quero regressar quando terminar a minha carreira, porque me sinto muito bem lá.”
“O meu pai era pescador e se não fosse futebolista era pescador. Felizmente tive a oportunidade de ser jogador de futebol e estou muito feliz por tudo o que me aconteceu no mundo do futebol. Lembro-me que a minha mãe trabalhava na fábrica de conservas e eu ia com ela. Passava lá as manhãs todas, ao lado dela, porque não podia ficar noutro local, numa escola ou num colégio”, disse.
“Tive uma infância difícil. Nunca passei fome, mas sempre existiram dificuldades, normais tendo em conta a vida dos pescadores. Aliás, o meu pai foi viver para o Canadá para conseguir mais dinheiro e só depois de casar com a minha mãe conseguiu ter mais condições para mim e para os meus dois irmãos”, recordou depois.
Mas apesar das dificuldades o caminho rumo ao sucesso começou a ser traçado: “O meu sonho sempre foi jogar futebol. A minha mãe conta que me deitava e acordava sempre com uma bola, que não deixava ninguém mexer… Depois trabalhei muito e consegui ser mesmo jogador de futebol, mas aos 13 anos fui padeiro, depois fui pintor, trabalhei nas obras e depois dediquei-me inteiramente ao futebol.”
A conversa incidiu depois nos conselhos que um dia dará aos seus filhos, quando estes forem adultos: "Vou explicar que a vida não é fácil, explicando como nasci e como vivi, de modo a que ela tenha atenção e respeito por todos."
Em Caxinas, Coentrão jogava num campo perto de casa, mas o epíteto de "Figo das Caxinas"levou-o a treinar no Rio Ave, onde mais tarde se tornou referência.
"Gostava muito de ver Figo a jogar e por isso ganhei essa alcunha nessa altura da minha vida. Depois cresci e acabei por criar o meu próprio nome. Se não fosse o Rio Ave não teria sido nada do que agora sou", explicou.
E quando estava ao serviço dos homens de Vila do Conde, passou em... Stamford Bridge: "Treinei no Chelsea, as coisas correram bem e o Mourinho falou comigo, mas ele depois saiu e eu voltei ao Rio Ave."
A seguir, tempo de seguir para o Benfica: "As coisas não correram bem e fui emprestado ao Nacional. Depois segui para o Saragoça, mas foram seis meses muito complicados e tristes. Mas depois voltei ao Rio Ave e a seguir fui para o Benfica e a partir daí tudo correu bem na minha vida."
E da Luz para Madrid foi um ápice: "Existiam muitos clubes interessados em mim, mas disse claramente ao meu representante que apenas queria ir para o Real Madrid. Era o melhor para mim naquela altura. Ou ia para o Real ou ficava no Benfica. Depois de assinar fiquei muito feliz, o melhor clube do Mundo."
A família é a base de tudo e Fábio Coentrão dedica-lhe todo o tempo disponível: "A minha filha é a melhor coisa que me aconteceu na vida e é com ela e com a minha mulher que tento passar todo o tempo que tenho. E vivo perto do Cristiano Ronaldo. De vez em quando vou lá pedir coisas, se ele não abre a porta salto o muro..."
Quanto a Mourinho, rasgados elogios: "Mourinho foi-me buscar ao Benfica e devo-lhe isso - a confiança que depositou em mim. Ele é o melhor, ganha tudo e de facto é especial. Ninguém duvida que ele é mesmo o melhor treinador do Mundo. Porquê? Não sei, nunca ouvi nenhum jogador falar mal dele, nunca o vi envolvido em problemas de balneário. Ele sabe falar com os jogadores e é uma pessoa fantástica."
Quanto ao futuro, poucas dúvidas: "Quero continuar a trabalhar e corresponder à confiança que o Real Madrid depositou em mim. Quero ajudar em tudo, até posso jogar a guarda-redes se for preciso. Ajudar o Real é o pensamento que está na cabeça de todos."
No plantel merengue há muitos companheiros e amigos a sério: "Ronaldo é uma pessoa muito importante para mim, tal como o Pepe, Marcelo, Casillas... No fundo todos são grandes amigos, mas Cristiano, Pepe e Marcelo são muito importantes para mim no grupo."
Fonte: Record