Luisão tem vivido com especial desagrado estas últimas semanas. Prestes a terminar a sua oitava época de águia ao peito, o subcapitão - na maioria das vezes é o central que enverga a braçadeira, uma vez que Nuno Gomes praticamente não é utilizado - vive o clube com grande intensidade e já se considera um verdadeiro adepto encarnado. Ao que O JOGO apurou, o internacional brasileiro não gostou, pois, da postura de vários elementos no seio do balneário nos momentos-chave da época, no sentido em que não a entendia condizente com a grandeza do clube da Luz.
Assim foi, por exemplo, quando os encarnados viram o FC Porto confirmar a conquista do título nacional em plena Catedral - e isto quando se disputava apenas a jornada 25 -, ou quando os dragões conseguiram anular a vantagem antes conquistada nas meias-finais da Taça de Portugal. Antes, já no final da goleada (5-0) da 10ª jornada com os campeões nacionais Luisão havia ficado furioso com a reacção de alguns companheiros e de outros elementos da estrutura do futebol.
Não se resume a estes pontos o desagrado do camisola 4. O central sente, naturalmente, que tem enorme responsabilidade no seio do grupo e sabe da sua importância na integração das novas caras. Por sentir o emblema de forma tão especial, não gostou igualmente de ler declarações de reforços como Bruno César, que ainda não vestiram a camisola do Benfica em qualquer jogo oficial e abordaram a Luz como uma "ponte aérea" para outros clubes europeus. Neste caso específico, o central até comentou em círculos próximos que este tipo de postura não se deveria repetir, pois não só os reforços podem entrar no balneário com o pé esquerdo, como também devem encarar o Benfica como ponto de chegada e não um... trampolim. Aqui, também o capitão Nuno Gomes não viu com bons olhos tal mentalidade do talentoso "10" brasileiro.
De resto, a indignação de Luisão vai ao encontro das últimas exigências de Luís Filipe Vieira. Presidente e central mantêm, é sabido, uma relação muito especial - o líder até assume que Luisão é o seu jogador preferido - e, se o responsável máximo veio recentemente falar em incremento de rigor e maior concentração, o jogador assina por baixo, ou não fossem essas também algumas das suas reivindicações.
Amigo pessoal de Filipe Vieira - foi o actual presidente que trouxe o jogador para a Luz, quando ainda era director-desportivo na Direcção encabeçada por Manuel Vilarinho, e desde aí, os laços entre ambos tornaram-se fortes -, Luisão já tem admitido em diversas ocasiões não gostar de perder em qualquer circunstância. A doer... ou a feijões, uma das coisas que tira o sono ao internacional canarinho é mesmo a derrota e só o facto de as águias estarem por esta altura a 19 pontos do já campeão nacional FC Porto torna-se num cenário complicado de engolir para o experiente defesa.
E apenas para se ter um exemplo da forma como Luisão leva a profissão a peito, basta ver que, ainda no ano passado - por ser ano de Mundial - comprou casa na Aroeira, não só para ter mais comodidade, mas também pelo facto de poder estar mais próximo do Caixa Futebol Campus e, dessa forma, evitar algum desgaste que até aí vinha experimentando.
Fonte: O Jogo