O crescimento táctico evidenciado por Carlos Martins sob a orientação de Jorge Jesus é um dos factores que o Benfica valoriza e entende como decisivos para avançar com uma proposta de renovação contratual que, passando das conversações (já em marcha) ao papel, fará com que o criativo fique ligado às águias até aos 33 anos. Isto porque a intenção da SAD presidida por Luís Filipe Vieira é estender por duas temporadas, de 2013 para 2015, o vínculo que vigora desde o Verão de 2008, quando o criativo se mudou do Recreativo de Huelva para a Luz, numa transferência que, recorde-se, custou três milhões de euros aos encarnados. A realizar a terceira época com as cores do Benfica coladas ao corpo, Martins, aos 28 anos, é um dos poucos portugueses do plantel do Benfica com perspectivas de frequente utilização no presente e no futuro - a par de Rúben Amorim e Fábio Coentrão, embora este possa ter de fazer as malas no fim da época, mas para voar mais alto noutro grande emblema europeu. Esta é outra das razões que induzem os gestores do futebol benfiquista a desejar a prorrogação do contrato do camisola 17, ele que - outro pormenor relevante - chegou há pouco tempo a titular da Selecção Nacional para ser um dos dinamizadores da linha média do Portugal pós-Deco. Uma ascensão que, lembre-se, só foi possível porque Martins e o treinador Paulo Bento colocaram em primeiro plano os interesses nacionais e resolveram pôr uma pedra em cima de desavenças que os haviam afastado de forma irreversível no tempo em que coabitaram no Sporting. Mas há mais detalhes que enriquecem e robustecem o interesse do Benfica na manutenção de Carlos Martins. A versatilidade oferecida pelas características de um médio que, hoje em dia, "até é capaz de actuar encostado à linha", conforme enfatizam a O JOGO, é outra das bases que inclinam o presidente Luís Filipe Vieira e o director-desportivo Rui Costa para o propósito de preservação de um elemento que reúne predicados difíceis de concentrar num só corpo e de encontrar no mercado a preço acessível.
Outro aspecto que não pode ser desprezado nem desacreditado neste contexto é a hipótese de o Benfica perder Aimar no final da temporada. O contrato de El Mago só expira em 2012, mas já é do conhecimento público a vontade do argentino - confessada pelo próprio - de "um dia" regressar ao seu país, nomeadamente ao River Plate, clube que o formou e revelou. Analisando as opções de Jorge Jesus, o que se constata com relativa facilidade é que Martins tem sido o substituto número um de Aimar, sempre que este tem estado indisponível. Aconteceu isso mesmo no último domingo, e com os resultados que se sabem: D. Carlos "só" esteve nos dois golos com que o Benfica despachou o Marítimo na estreia na Taça da Liga. Pela importância que o Benfica lhe reconhece no plantel ao abrir o processo de negociação contratual, Martins também desejará corresponder às intenções superiores, até porque terá noção de que esta é a (esperada) oportunidade de fazer o último grande contrato da sua vida.
5 motivos para segurar D. Carlos
Crescimento táctico
Polivalência no meio-campo
Ser português
Titularidade na Selecção
Eventual saída de Aimar no fim da época
Utilização de Martins em 2010/11
Liga ZON Sagres
11 jogos
7 jogos titular
675 minutos
2 golos
Taça de Portugal
1 jogo
1 jogo titular
67 minutos
Taça da Liga
1 jogo
1 jogo titular
69 minutos
Total
20 jogos
15 jogos titular
1337 minutos
2 golos
Aos soluços também se vai longe
Acabado de formar no Sporting, Martins andou durante anos atrás de oportunidades para se afirmar na equipa principal, mas esgotou-as, acabando por sair de Alvalade no Verão de 2007 em rota de colisão com Paulo Bento. Precisou de uma época no Recreativo para recuperar a melhor condição física e a confiança, pondo-se a jeito para o Benfica, que o puxou de volta para o futebol português e lhe concedeu espaço para se projectar e chegar a titular da Selecção sob a liderança de... Paulo Bento, com quem entretanto fez as pazes.
Fonte: O Jogo