RECORD – O trabalho de recuperação do Benfica está concluído?
DOMINGOS SOARES OLIVEIRA – Ainda há muito trabalho pela frente. Nestes dez anos, investiu-se num conjunto importante de infraestruturas e obras. Naturalmente, na próxima década, incidir-se-á noutro tipo de trabalho, nomeadamente na continuação do investimento no plantel.
R – Com essas infraestruturas, o mais difícil está feito? O investimento na componente desportiva é para continuar?
DSO – Não vejo razões para não se manter esse investimento. O estádio, o Caixa Futebol Campus e outros projetos, como a Benfica TV, são uma realidade, pelo que não é expectável que se avance para novas obras. O maior enfoque será no plantel. Por outro lado, há o trabalho de redução do endividamento associado a estas obras, que não será imediato, rápido. Os nosso planos apontam para que esteja concluído até 2024.
R – O mais importante numa primeira fase foi criar infraestruturas, lançar bases para o que vinha a seguir?
DSO – Sim. Não houve nenhuma direção que tenha feito tantos investimentos como esta. Não foi a primeira vez que o Benfica construiu um estádio. Este é o sétimo. Mas agora construiu-se o estádio, o centro de estágio, formou-se o canal de televisão... Nunca foi feito tanto.
R – É hora de olhar para o plantel...
DSO – Na génese do clube está a parte desportiva. O que os benfiquistas mais gostam de apreciar, quando vão ao estádio ou ao centro de estágio, não é a beleza daqueles; querem é ver o Benfica ganhar. Nunca houve dúvidas de que tudo é orientado para tornar as equipas de futebol e das modalidades mais fortes e competitivas, para terem êxito em campo.
R – Em final de março, a dívida consolidada do Benfica era de quase 342 milhões de euros…
DSO – Quando se fala do passivo, é preciso distinguir o que é exigível e não exigível. Uma coisa é o pagamento a fornecedores, as dívidas que temos para com outros clubes – e que os outros clubes têm para connosco. Este é o passivo normal, que por vezes é contestado pelos ignorantes. Outra coisa são os empréstimos obrigacionistas, o papel comercial, a dívida aos bancos. Esse valor ronda os 200 milhões de euros. Mas temos a expectativa de que o Benfica aumente as suas receitas para valores próximos dos 150 milhões de euros com a revisão do contrato de direitos televisivos. Não é uma situação que nos agrade, mas esperamos reduzir a dívida. Como se viu no último relatório, o passivo do clube é praticamente zero. Esperamos que isso aconteça noutras empresas participadas. Já na SAD, em função do investimento que temos feito no plantel, o passivo vai manter-se.
R – Quanto é que o Benfica pretende encaixar com o novo contrato de cedência de direitos televisivos? 40 milhões ou os 25 milhões de que se fala?
DSO – Isso é manifestamente pouco. Por essa última verba, se quiséssemos, já tínhamos acordo.
R – O pagamento total da dívida permitirá outro desafogo ao Benfica?
DSO – Tomara eu saber o que vai acontecer no futuro imediato. Ainda falta muito tempo. Dentro de 10/12 anos, contamos ter essa situação resolvida. De qualquer forma, é interessante saber que as dívidas do clube contraídas em 2000 e 2001 para construção do estádio vão ficar completamente liquidadas no final deste ano.
Fonte: Record