Alan Kardec já se sente mais ambientado, relativamente à realidade que encontrou na temporada transacta. Não promete títulos, não promete golos... Mas todos podem contar com muita dedicação, sacrifício e empenho.
Alan, os golos parecem ter chegado. É isso? Ganhaste o hábito?
É sobretudo trabalho. E ambientação. Quando cheguei, no Inverno do ano passado, ainda estava muito habituado ao estilo do futebol brasileiro, mais pausado, com mais tempo para segurar a bola e decidir o que fazer. Aqui é preciso ser mais rápido. Agora dou por mim a ver jogos do campeonato brasileiro e a achar que há uma certa lentidão. Até porque lá não chove tanto, a relva fica mais alta, a bola não desliza como aqui. Sinto que evoluí. Consegui ambientar-me e agora já vou mostrando mais das minhas qualidades.
Ganhaste mais confiança neste início de época pelo facto de estares a ser mais utilizado?
Também. Um pouco. Isso também me ajuda a perceber melhor o que a equipa precisa de mim. Se é para segurar a bola, se é para largar, conforme as situações e os movimentos.
Achas que ainda há muita margem para evoluíres?
Claro! Tenho uma carreira toda pela frente! Sei das minhas qualidades, sei do que sou capaz de fazer. E sei que não é fácil, mas estou aqui para trabalhar sempre e sempre mais. Com muita humildade e muito desejo de ser cada vez melhor para corresponder àquilo que o Clube e os adeptos esperam de mim.
Temos visto que também pareces ser um especialista de livres directos. Trabalhas muito essas marcações ou é algo de mais inato?
Treino bastante. Mas não é de agora. Já em pequeno treinava muito esse tipo de lance. E como me tem saído bem, hoje posso procurar fazer golos nesse tipo de lances porque me tenho aperfeiçoado muito e a equipa passa a ter mais uma solução.
Tens bastantes características parecidas com as do Cardozo. Assim uma espécie quase de “clone”, ele jogando com o pé esquerdo, tu com o direito. Achas que é possível conciliar os dois no mesmo onze? Bem, agora contra o Mónaco estiveram em campo juntos, mas só mesmo um bocadinho…
Sim. Penso que podemos jogar juntos e até será salutar ver a equipa com essa possibilidade. O facto de termos algumas características comuns não vai impedir de podermos vir a ser utilizados juntos mais vezes. Desde que isso seja bom para a equipa.
Achas que o Benfica deste ano é uma equipa com mais capacidade para fazer golos do que a do ano passado?
Bom. Isso não sei. Ainda é cedo para se ter certezas sobre o assunto. Saiu o Di María, entraram alguns jogadores novos que estão a fazer a sua adaptação. O ano passado fomos uma equipa bem ofensiva. Marcámos golos em praticamente todos os jogos. Tem de ver com o estilo do Benfica e com as ideias do seu treinador. Não sei se vamos ser mais goleadores do que na época passada, mas estou certo de que vamos ser outra vez uma equipa muito ofensiva, sempre procurando o golo e sempre com a vontade de dar alegrias aos nossos adeptos.
Consegues fazer uma comparação entre a equipa do Benfica da época passada e a desta época?
Hummm…É difícil… Até porque ainda só estamos na pré-temporada e eu não estive cá na última pré-temporada. O importante é trabalharmos desta forma profissional e dedicada com que temos vindo a trabalhar para podermos dar aos adeptos aquilo que eles exigem de nós: um futebol de ataque, sempre na busca do golo, sempre na procura do melhor resultado possível, com esta responsabilidade acrescida de sermos os campeões e haver o grande objectivo de reconquistarmos o título. Fomos campeões com apenas duas derrotas em 30 jogos. Isso obriga-nos a uma grande responsabilidade. Não apenas a nós, jogadores, mas a todos, desde o roupeiro ao presidente, porque nós somos uma equipa, e todos trabalham com esse objectivo bem firme na cabeça.
Achas que o Benfica inicia a época como grande favorito à conquista do campeonato?
Quem veste a camisola do Benfica tem de sentir isso sempre. O Benfica tem de ser sempre favorito e é por isso que temos de lutar com todas as nossas forças. Claro que os nossos adversários também se reforçaram, também têm os mesmos objectivos do que nós. Mas devemos pensar como na época passada: em vencer os nossos jogos, ir conquistando os nossos pontos. Se cumprirmos essa parte do nosso trabalho voltaremos certamente a ser campeões outra vez.
Que te ficou na memória daquela festa do título?
Foi algo de impressionante!!! Nunca na vida tinha visto uma coisa daquelas. Centenas de milhares de pessoas na rua! Foi incrível! E aí a gente sente bem o calor dos torcedores, o carinho que os adeptos têm por nós, pela equipa. São como se fossem família. Apoiando, mas cobrando também coo está no seu direito. Foi algo de lindo, de absolutamente inesquecível…
Que queres ver repetido este ano…
Claro! Se digo que nunca vi nada igual! Fiquei tão profundamente feliz. Só quero mesmo é repetir!
Aproxima-se a passos largos o jogo da Supertaça. O primeiro jogo oficial da época. E logo com o FC Porto, que tem um sabor especial…
Sim. Mas ainda temos alguns dias para preparar o encontro. Vai ser um jogo duro, importante, ainda por cima porque decide um troféu, mas também não vai ser o jogo mais importante do ano. Vamos encara-lo com normalidade, com a certeza de que, temos qualidade para vencer o nosso adversário, respeitando-o, mas com a consciência do nosso valor e do facto de sermos os Campeões Nacionais.
Consegues prometer aos adeptos do Benfica uma época recheada de golos de Kardec?
Não. Não gosto de prometer essas coisas assim. De dizer que agora vou fazer dois ou três golos no próximo jogo. Não faz o meu género. O que prometo é muito trabalho, muita dedicação, muita humildade e eles podem ter a certeza que eu vou procurar muito dar-lhes as alegrias que merecem por serem uma torcida fantástica, sempre perto de nós, sempre ajudando, sempre carregando com a gente para a frente.
Tens aprendido muito com Jorge Jesus?
Muito! É um treinador que sabe muito e gosta de explicar. Cobra bastante de todos nós, mas também corrige e é capaz de falar contigo sobre as coisas que precisas de melhorar, ajudando-te a ser cada vez melhor jogador e ajudando-nos a ajudar o Benfica. Já trabalho com ele há mais de meio ano e estou muito feliz com a forma como ele me tem auxiliado a tirar mais proveito das minhas qualidades e a corrigir os meus erros.