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Toda a informação sobre o Glorioso

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Toda a informação sobre o Glorioso

O golfe em Portugal já não é um desporto de elite

06.05.10, Benfica 73

A rivalidade histórica do futebol português é entre o Benfica e o Sporting. O que se passa entre o FC Porto e o Benfica é mais do domínio das rivalidades histéricas de conjuntura, como ainda se viu no último domingo. O desamor entre o Benfica e o Sporting vem desde o berço dos dois emblemas de Lisboa e, por isso mesmo, fazendo bem as contas, tem mais de um século esta questão de estrutura.

Na matriz do Benfica e do Sporting a grande fractura teve uma origem de classe porque o Benfica foi fundado por órfãos da Casa Pia, que nem dinheiro tinham para comprar bolas, enquanto o Sporting foi fundado pelo visconde de Alvalade que imediatamente contemplou à nascença a sua agremiação com um campo de futebol, duas dúzias de pares de botas e uma colecção completa de equipamentos.

Quando a benfiquistas e a sportinguistas lhes dá para embirrar uns com os outros, o que acontece todos os dias há mais de cem anos, gostam os primeiros de chamar aos segundos  de viscondes e de emproados e os segundos gostam de lembrar aos primeiros a sua marca original de pobretanas e de pés-descalços.

Isto, evidentemente, quando as discussões são ao mais alto nível. Quando as discussões envolvem as claques dos dois clubes e, por isso mesmo, decorrem ao mais baixo nível, é lamentavelmente à pedrada que se estabelecem argumentos e contra – argumentos, como ainda há pouco tempo se observou por ocasião de um jogo decisivo do campeonato de futebol de juniores.

Ora, ao contrário do futebol que é um desporto popular, sendo o golfe, como todos havemos de concordar, um desporto de alto nível, enfim, de elite não deixa de causar estranhezas que tenham sido as claques o FC Porto, que também não é propriamente um clube de viscondes, a introduzir a modalidade de arremesso das propriamente ditas bolas de golfe, que custam um dinheirão, no lugar das pedras da calçada, a custo zero e à mão de semear.

E bastou um domingo de futebol no Dragão para que o golfe, em Portugal, deixasse de ser um desporto de elite.

Trata-se de um claro sinal da evolução da nossa sociedade que temos por mania menosprezar e rebaixar quando a comparamos com as sociedades de outros países mais cultos, mais ricos, mais evoluídos. Como a fabulosa Itália, por exemplo.

No último fim-de-semana, na bela Roma, centro de um antigo império, a Lazio recebeu no seu estádio o Inter de Milão, que anda a discutir ferozmente o scudetto com a AS Roma. Como é do domínio público, Lazio e AS Roma cumprem na perfeição o seu papel de rivais históricos dentro da mesma cidade, ou seja, não se suportam. Para os tifosi da Lazio a pior coisa que lhes pode acontecer é ver a Roma sagrar-se campeã de Itália. E vice-versa, pois claro.

Posto isto, não causaria o menor espanto que os adeptos da Lazio que encheram o Estádio Olímpico para a recepção ao Inter se sentissem com o coração dividido perante a importância do resultado em discussão. Vencer a equipa de Mourinho seria muito bonito, porque se trata de uma grande squadra, finalista da Liga dos Campeões, mas seria, em termos práticos, entregar o título numa bandeja aos rivais da AS Roma. Que situação mais intolerável!

Mas o que acabou por acontecer no Estádio Olímpico, no domingo passado, superou todas as expectativas dos cronistas e historiadores do fenómeno da rivalidade desportiva. O Inter ganhou por 2-0 e os adeptos da Lazio, sem qualquer espécie de vergonha, festejaram em delírio os dois golos do Inter à sua própria equipa, como se os de Milão estivessem a jogar contra a AS Roma e não contra a Lazio.

Este episódio absurdo vai, certamente, alimentar o desamor AS Roma-Lazio por mais cem anos. E é com estas anormalidades que se constroem rivalidades históricas entre vizinhos embora, neste caso específico, convêm, ressalvar que os tifosi da Lazio ultrapassaram todos os limites da decência e do amor-próprio. E são eles italianos, do tal país mais evoluído, rico e culto do que o nosso.

Por isso mesmo, é hoje devida uma homenagem aos sportinguistas, rivais históricos dos benfiquistas, pelo modo cavalheiresco com que têm vindo a suportar os engulhos da corrente temporada.

Por finais de Fevereiro, quando lhes coube receber o FC Porto, em Alvalade, embora com o coração dividido perante a eventualidade de uma vitória das suas cores permitir ao Benfica distanciar-se na liderança, os sportinguistas festejaram a quase – goleada – e, aparentemente, não ficaram a remoer sobre o inestimável serviço prestado ao Benfica. Aparentemente, convém realçar…

Como se não bastasse, dois meses mais tarde, quando o Benfica voltou a precisar dos bons ofícios do Sporting, o Sporting voltou a responder com decência e desportivismo, aceitando adiar por 48 horas a sua visita à Luz de modo a permitir ao rival o descanso necessário físico e psicológico depois da viagem infeliz a Liverpool. Fica, portanto, o Benfica a dever uma gentileza destas ao Sporting quando surgir a ocasião para tal.

Temos, assim, uma fortíssima e bem condimentada rivalidade secular entre dois emblemas da mesma cidade, Lisboa, com tristes episódios de excessos, porventura inevitáveis perante tantas complacências superiores à vista de tantos comportamentos inferiores, mas temos também uma rivalidade que é essencialmente futebolística, que tem dispensado até ao presente os artefactos do golfe, e que se sabe restringir, de um modo geral, às fronteiras (ainda que muito alargadas) do bom senso.

No entanto, há limites para tudo…

E se no último domingo, em Alvalade, o público da casa desatou em ovação quando Fábio Júnior fez o golo da Naval que ditaria a oitava derrota do Sporting no campeonato 2009/2010, a situação não revela masoquismo nem, muito menos, nenhuma semelhança com os ventos de Estádio Olímpico de Roma, pela simples razão de que a Naval, ao contrário do Inter, não está a lutar pelo título. Os sportinguistas, na verdade, nem sequer estavam a celebrar o golo de Fábio Júnior que, por coincidência aconteceu no mesmo minuto em que, no Estádio do Dragão, Farias desempatava a favor do FC Porto o jogo contra o Benfica.

Compreenda-se o espírito sportinguista do instante. A eventualidade de term de abandonar o seu estádio e de regressar a casa por entre a algazarra benfiquista em festa seria mais difícil de suportar de que todos os engulhos da época, incluindo os discursos do presidente Bettencourt.

E foi com este espírito que os sportinguistas, sem nada de seu para festejar, celebraram com justa emoção e não menor alívio o terceiro golo do FC Porto e o golo solitário do Sporting de Braga.

Nenhum benfiquista lhes pode levar a mal. Se fosse ao contrário, passar-se-ia exactamente a mesma coisa.

São as grandezas e as pequenezas do momento e de cada um.

E que bom é não estarmos nós no momento das pequenezas.

Di María terá feito o seu último jogo com a camisola do Benfica. É uma pena velo partir. E é uma pena não o vermos jogar no domingo contra o Rio Ave. No jogo com o FC Porto o jovem argentino esteve sempre muito bem. Atirou uma bola à trave com grande estrondo e, minutos depois, caíram-lhe dois adversários em cima e mandaram-no ao chão. Di María levantou os braços em sinal de protesto e o árbitro despachou-o logo com um cartão amarelo por «protestos». Foi uma grande noite para Olegário Benquerença que fica para a história como o malandro que teve o desplante de expulsar Fucile.

Autor: Leonor Pinhão
Fonte: Jornal A Bola

Pode o Rio Ave arrasar a Luz?

06.05.10, Benfica 73

Não passa pela cabeça de alguém – creio que nem pela do mais entusiasta adepto bracarense – o Benfica falhar a conquista do título nacional no derradeiro jogo e em sua casa… O estádio da Luz terá lotação esgotada e a ferver de paixão vermelha, o Benfica tem sido a mais espectacular equipa – que gigantesca diferença de qualidade face ao último Benfica campeão, já lá vão cinco anos… -, o Rio ave, apenas 11.º, à distância de 42 pontos (!), nada tem de papão, e, caramba, empate basta. A frio, é assim: nenhuma hipótese de haver escândalo.

Há, claro, uns ses e uns mas…:

1-     O sortilégio do futebol, amiúde tão cheio de surpresas que chegam a atingir o incrível (Domingos Paciência, alimentando a crença da sua equipa e mantendo muito legítima estratégica de pressão, já lembrou como o Corunha perdeu título espanhol: no último dia, no seu terreno e falhando penalty no derradeiro minuto!).

2-     O brio do Rio Ave e a sua interessante capacidade de resistência fora de casa: em 14 jogos, teve menos derrotas (5) do que resultados positivos (6 empates, 3 vitórias). Ainda assim, o mais frequente resultado do Rio Ave nesta Liga (13 empates) não será suficiente para a corrida ao título ter desfecho qual filme de Hitchcok…

3-     Benfica sem Javier García e, sobretudo, se Fábio Coentrão e Di María, a diabólica asa esquerda que habitualmente lhe dá superdinâmica. A estas importantes ausências poderá juntar-se confirmação de Cardozo, Saviola, Ramires andarem presos por arames…

4-     Acima de tudo: Benfica em descendente gráfico de forma… Nos últimos jogos, teve dificuldade em camuflar cansaço de jogadores chaves e… muito nervisismo. Ansiedade por a mete do grande êxito estar mesmo, mesmo ali… mas tardar a ser cortada (ai a admirável persistência de Sp.Braga!) tem vindo a emperrar a esfusiante máquina montada por Jorge Jesus. Cansaço e desconcentração competitiva foram superevidentes em Liverpool. Ansiedade tocando a zona vermelha do conta-rotações já se notara, quanto a mim, na vitória em Coimbra, qual paradoxo até no 5-0 ao Olhanense…; e tornou-se flagrante no Dragão: para além do grande mérito portista e das tais unidades em perda de rendimento, o Benfica perdeu-se no descontrolo do seu estado emocional (gritante quando, após conseguir 1-1 e ficar em superioridade numérica, de todo avariou a bússola de objectivos…)

Nada disto tira brilho à espectacular ressurreição do Benfica. Foi, sem dúvida, a melhor equipa portuguesa do campeonato e no todo da época. Futebol de ataque a toda a brida, pura fúria de vencer. Bem compreensíveis os sinais de desgaste na ponta final; o Benfica arrancou a todo o gás logo na pré-época (ror de troféus conquistados, nem um falhanço), já lá vão quase 10 meses…

Há espaço para o Rio Ave arrasar o estádio da Luz e a nação benfiquista? Tanto como o meu para ganhar o euromilhões… Verdade que ainda não desisti…

Autor: Santos Neves

Fonte: Jornal A Bola

O isqueiro mata

06.05.10, Benfica 73

A pergunta impõe-se: quem tem uma maior esperança média de vida? Um individuo que fuma um maço de tabaco por dia, ou um jogador do Benfica que leva com um isqueiro nas Antas? Não sei porquê, mas tenho a sensação de que a medicina dedica muito tempo de pesquisa ao primeiro caso, e continua a desprezar olimpicamente o segundo. Por outro lado, não compreendo como é que só os maços de tabaco contêm avisos. Porque não passar a colar nos isqueiros mensagens com, por exemplo, o seguinte teor pedagógico: “Deixar de atirar isqueiros para o relvado reduz o número de escoriações”? Dito isto, se há local em que faz sentido que haja muita gente a deitar isqueiros fora, esse local é as Antas: há lá algumas pessoas que, se dependesse do Ministério Público, estavam hoje num sítio onde é muito complicado arranjar cigarros.

Entretanto, alguns jornais revelaram que, enquanto voavam objectos para o relvado, se jogava uma partida de futebol. Respeitosamente, duvido. Até porque, em vez de futebol, o mais recente FC Porto-Benfica parecia uma prova de dos Jogos Sem Fronteiras: a certa altura, o objectivo era ver qual o jogador do Benfica que conseguiria inserir a bola dentro da baliza adversária, tendo para isso que evitar os jogadores do FC Porto que se lançavam ao chão sem que alguém lhes tocasse, e ao mesmo tempo contornar as dezenas de isqueiros, telemóveis e tochas que caíam no relvado. Da próxima vez, desconfio que o Aimar vai entrar no relvado das Antas com um saco de batatas nos pés e a segurar uma colher com um ovo na boca.

No meio de tudo isto, estiveram os heróicos jogadores do Benfica, que foram alvo de projectos diametralmente opostos. De um lado, havia os adeptos do FC Porto, que os queriam pôr negros; do outro, o árbitro da partida, que os queria amarelar.

Autor: Miguel Góis

Fonte: Jornal Record

Golfe, isqueirada e misérias

06.05.10, Benfica 73

As circunstâncias que rodearam o clássico do Dragão são motivo de orgulho para todos os desportistas nacionais. Ficámos a saber da existência de mais duas secções no FC Porto: uma de golfe, com a particularidade de estar na moda uma variante que dispensa os tacos, o equipamento tradicional e até os "greens"; outra, muito mais certeira, que se dedica à isqueirada, modalidade com todos os condimentos para se tornar um fenómeno de popularidade. Claro que o isqueiro pode ser aperfeiçoado, uma vez que não serve para acender ou alumiar, mas apenas como arma de arremesso.

Percebemos que os respectivos praticantes não gostam de dar a cara, preferindo fazer lançamentos furtivos e assobiando para o lado quando pressentem a proximidade de uma câmara de televisão. Por exemplo: nas imagens da Sport TV viu-se bem o homem que fez de Jorge Jesus o seu alvo particular. Aposto que já passou a gravação para DVD, com o objectivo de a mostrar à família e aos amigos. Pena que as "implacáveis" forças de segurança não tenham tido oportunidade de ver o que o país viu. Percebeu-se, enfim, que não é uma modalidade ao alcance de todos, depois de presenciarmos o "falhanço" de Luisão, depois de alvejado à entrada do túnel. Não dá para aquilo...

Houve outras inoperâncias, dentro e fora de campo. Fora, avulta o momento da declaração categórica de um responsável policial, garantindo não ter havido pedradas ou similares ao autocarro do Benfica, desde o hotel ao estádio. Teve azar: o repórter televisivo de serviço desmentiu-o de imediato, com o argumento irrefutável: "Eu vi...". Olegário Benquerença, apesar do olho de lince que lhe permitiu oferecer por três vezes o cartão amarelo a jogadores do Benfica nos primeiros quinze minutos (dois deles absurdos, os de Di María e Fábio Coentrão, um terceiro duvidoso, o de David Luiz), não conseguiu ver dois ataques (falhados, é certo, mas bem perceptíveis) de Raul Meireles a pernas adversárias nem dois penáltis (carga sobre Maxi Pereira, mão na bola em livre marcado por Di María) que seriam claríssimos, noutro estádio e noutro ambiente.

Razão teve Jesualdo Ferreira: a expulsão de Fucile é ridícula. Sobretudo por ser tardia - com igualdade de critérios, teria deixado o terreno de jogo logo aos 17 minutos. Feitas as contas, pouco importa: o FC Porto julga ter salvo a honra, o Benfica conseguiu salvar jogadores suficientes para entrar em campo no próximo domingo. E até os distantes adeptos do Sporting, apesar da oitava derrota e de somarem 42 pontos perdidos para os 45 conquistados, puderam festejar os golos do FC Porto. E talvez o do Braga, mesmo marcado em fora-de-jogo. É bom que todos descubram motivos para celebrar - sempre se evitam as depressões.

Autor: JOÃO GOBERN

Fonte: Record