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Toda a informação sobre o Glorioso

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O destino

19.08.11, Benfica 73

Já se sentem as marés vivas da nova temporada futebolística, com o campeonato a começar a sua marcha lenta – de sexta a segunda, como mandam as regras unilaterais das estações de televisão – e com o preâmbulo da Supertaça. Jogada em Aveiro e com estádio bem preenchido, não contrariou a lógica. Ou seja, acabou por haver Guimarães a menos, sublinhando algumas debilidades e limitações já expressas por via europeia dias antes, para o FC Porto que – até ver – mantém o essencial do seu elenco artístico, muito embora os adeptos continuem a desfiar, como num rosário, os dias que faltam até ao encerramento do mercado. Só a partir daí se poderá dizer que o clube cumpriu mais um destino original: ser representante de um país periférico e sem orçamentos de luxo, vencer uma prova europeia e não vender um único dos seus titulares.

É certo que André Villas-Boas, o técnico das quatro vitórias, trocou a “cadeira dos sonhos” pelo “sofá do conforto”, obrigando o seu novo patrão a pagar cara a sua mudança entre azuis. Valendo-se dos seus reconhecidos dotes de ator, Jorge Nuno Pinto da Costa optou por uma solução interna e chamou-lhe “a mais fácil da sua carreira”. Adiante se verá se a facilidade andou de braço dado com a eficácia mas, para já, Vítor Pereira cumpriu – com inquestionável justiça – o destino a que o clube do Dragão garante ter direito: ganhou. Mas não deixa de ser estranha a passividade até agora verificada diante de valores como Falcão, Alvaro Pereira, Guarín, João Moutinho, Rolando, Fernando (que, já se percebeu, será o bode expiatório dos primeiros tempos, com adeptos destacados a tentar explicar que, afinal, o moço nunca valeu grande coisa…) e até o intocável Hulk, mais conhecido como “o senhor cem milhões”. Num clube que nunca escondeu a necessidade de vender uma-duas pérolas por época, é estranha a calmaria, sobretudo se pensarmos que, hoje, o FC Porto compra um lateral (Danilo) por um preço mais alto do que o praticado para vender outro (Cissokho) há um par de anos. Mais: é a primeira vez que me lembro de ver um clube português pagar (bem) acima da cláusula de rescisão. Haja vontade!

Com tudo isto, não sei mesmo se o destino do FC Porto – e salvaguardando tudo o que pode mudar até 31 de Agosto, entre as saídas que Pereira não quer e as entradas que deseja – não vai alterar-se. Para sossego dos que gostam de continuidades, há coisas que nunca mudam. Pinto da Costa já reservou a piada da época, ao referir que não trocaria Hulk por Cristiano Ronaldo. E já atirou a primeira pedra, ao referir-se à transferência de Roberto para Espanha como “milhões da treta”. Percebe-se, pela segurança, que não tem telhados de vidro – não há quem lhos descubra. É o destino.

Autor: JOÃO GOBERN

Fonte: Record