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Toda a informação sobre o Glorioso

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Henrique Vieira ao Jornal O Benfica - Entrevista Completa

07.07.10, Benfica 73

Antes do arranque da temporada já esperava um domínio tão grande do Benfica como se acabou por verificar na fase regular e depois no “play off”?

-Estávamos confiantes depois do que tínhamos feito o ano passado. Éramos campeões nacionais e sabíamos que as coisas iriam ficar mais solidificadas. Embora não tenhamos conseguido manter todos os jogadores, como era nosso desejo, não tínhamos mexido muito na equipa e, portanto, prevíamos e aspirávamos ganhar a fase regular para garantir o factor casa, para depois lutarmos no “play off” para sermos campeões.

O Benfica somou 20 vitórias em 22 jogos da fase regular da Liga. Como se consegue manter um regularidade exibicional tão grande?

-Embora com alguma ou menor dificuldade, assentámos a nossa filosofia de jogo numa defesa muito forte e, apesar de muitas vezes o ataque não ter funcionado, não permitimos aos adversários que marcassem mais de 70 pontos e acabámos por ganhar esses jogos. No basquetebol, há realmente dias “não” no ataque, há dias em que o cesto parece maior e outras vezes parece mais pequeno. A defender não pode haver dias “não” e acho que aí cumpridos.

Foi necessário também um grande trabalho ao nível dos índices de concentração dos jogadores, não é verdade?

-Isso é importantíssimo. Tenho jogadores que não gostam de perder nem os treinos e às vezes as coisas aquecem mais que aquilo que nós pretendemos, apesar de controlarmos imediatamente as coisas. São jogadores que não gostam de perder nem a feijões e, portanto, foi muito importante a maneira como nós, mesmo com adversários teoricamente mais fracos, atacámos os jogos.

O plantel do Benfica foi afectado por algumas lesões durante a época, mas mesmo assim a equipa não diminuiu de produção. Isso deveu-se à grande qualidade do grupo que trabalho que teve à sua disposição?

-É verdade que temos jogadores de qualidade, mas o equilíbrio do plantel não é o mesmo para todas as posições. Perdemos o Elvis Évora nos primeiros dois meses do campeonato e acabámos por perdê-lo no final do “play off”, e tivemos dificuldade em substituí-lo. Na época anterior também tivemos o João Santos lesionado e não temos outro lançador daquela posição como ele. Quando as lesões não nos afectam algumas posições do nosso jogo, conseguimos controlar a situação. Temos um plantel bom e jogadores que normalmente fazem mais do que uma posição, que é bom quando há o problema das lesões, mas acima de tudo temos carácter individual que depois influencia e de que maneira o colectivo.

Na fase do “play off”, o Benfica começou por não contar com Sérgio Ramos [regressou no 3.º jogo do Dragão], sendo que na final frente ao FC Porto não contou com o contributo de Elvis Évora. Receou que o Benfica perdesse força na luta de tabelas?

-E perdemos essa luta, mas tivemos foi que atacar o jogo de outra maneira. À semelhança do que aconteceu no ano passado em que na fase final do “play off” perdemos o Bem Reed e Rahein Brown, este ano tivemos infelizmente o mesmo azar. O Sérgio só volta no jogo de três porque perdemos o Elvis e mais uma vez demonstrou a sua capacidade de sacrifício em prol da equipa. Se me perguntassem, com estes problemas, se íamos fechar a fase do “play off” com 10-1, não acreditaria ou pensaria que seria uma façanha muito boa.

O Benfica resolveu a série da final do “play off” com quatro vitórias e apenas uma derrota. Esperava mais equilíbrio ou o resultado demonstra a superioridade patenteada ao longo da temporada?

-Aqui em casa, com o apoio do nosso público, é muito difícil perdermos, Sabemos que há adversários e adversários, mas sabíamos que ganhando os dois primeiros jogos em casa seria muito difícil não sermos campeões. Tivemos também uma motivação extra quando alguns responsáveis da equipa do FC Porto disseram que iam fechar a série por 4-0. Isso foi o que nós precisávamos para atacarmos o “play off”, mas parece-me que o terceiro jogo, onde tivemos o jogo claramente perdido e em que conseguimos manter-nos duas vezes em jogo, terá sido decisivo.

Além da Liga, o Benfica venceu a Supertaça portuguesa e a Supertaça Compal. O balanço da temporada é positivo?

-No ano passado fomos campeões nacionais e já não éramos há muitos anos, e este ano queríamos fazer o bicampeonato e conquistar uma ou mais Taças. Felizmente aconteceram nas Supertaças. Em Angola, por exemplo, conseguimos ter finalmente todos os jogadores disponíveis e apresentámos talvez a melhor fase da época. Estamos satisfeitos com aquilo que conseguimos e vamos tentar repetir no próximo ano.

Considera que a contratação a meio da temporada de Heshimu Evans para o lugar de Nick Dewitz foi também importante para melhorar o jogo ofensivo da equipa?

-Foi. Nós tínhamos o Nick Dewitz que, a partir de certa altura, achei que não tinha a capacidade competitiva que nós desejávamos naquela posição e para jogar na nossa equipa, e quando fomos ao mercado não encontrámos jogadores norte-americanos com qualidade. Como o Heshimu já tinha trabalhado comigo na Ovarense e sido campeão, e tinha solicitado trabalhar connosco, avançou-se para a contratação, embora isso acarretasse algum sacrifício para outros jogadores, nomeadamente para o Sérgio Ramos e o João Santos que tinham de jogar fora das suas posições.

Heshimu Evans já renovou contrato, além de Diogo Carreira e António Tavares. Que importância tem para a equipa continuar a contar com jogadores com o nível da experiencia destes três elementos?

-Eles merecem continuar por aquilo que têm feito. É importante que o Benfica continue a apostar nesta linha. São jogadores que, apesar da idade, treinam duro e têm uma grande capacidade física e, por isso, não é favor nenhum que estamos a fazer quando renovamos com eles. São mais-valias para o futuro próximo da equipa. Depois não mexemos muito com a química da equipa, que é muito boa. As coisas são menos difíceis e tacticamente podemos explorar outros campos.

- O Benfica vai regressar às competições europeias em 2010/2011 com a participação na Eurochallenge. O que podemos esperar da equipa nesta prova?
- Isso todos queremos saber. Se estivéssemos estado no ano passado, já sabíamos com o que podíamos contar. Agora o hiato de tempo foi muito grande. A última participação do Benfica na ULEB Cup foi há cinco anos. Não estava cá, não vivi essa experiência, mas acho que fizemos dez jogos e tivemos dez derrotas, não conseguimos ganhar um jogo. Mais do que tudo esta participação é a pensar no futuro, no Benfica europeu. Estou muito orgulhoso por lá ir e não temos medo do que vamos encontrar nesta prova, mas sabemos que é um passo muito importante para o Basquetebol do Clube.

Acredita que este regresso à Europa pode contribuir ainda mais para que os adeptos compareçam em força no Pavilhão Império Bonança?

A Ideia é essa, que os nossos que nos têm apoiado possam ver também grandes estrelas do basquetebol europeu.

Que papel os sócios e simpatizantes tiveram na conquista do bicampeonato, nomeadamente nos embates decisivos com o FC Porto?

Sou um bocado suspeito porque tenho uma grande relação com os sócios. Tenho dito que nos últimos dois anos ganhámos a fase regular e fomos campeões com o apoio do público. É evidente que gostaríamos de muito mais e ter o ambiente como tivemos no quinto jogo. A ideia é que, com o apoio do público, cresçamos em conjunto, que a equipa seja mais forte e haja cada vez mais adeptos.

O apoio dado pela Direcção mostra que este projecto para se consolidar cada vez mais, de maneira a que o Benfica volte a ter a hegemonia na modalidade?

Convém não esquecer que há pouco mais de dois anos estávamos na Proliga e que no ano a seguir para formarmos uma equipa tivemos muitas dificuldades. Eram só jovens portugueses e o Sérgio Ramos. Os norte-americanos só vieram no final de Setembro. Dentro deste Clube se alguém quer ser mais forte tem de fazer põe isso.

Para a próxima época, o Benfica já assegurou a contratação de Rodrigo Mascarenhas. Que mais-valia vai trazer este jogador ao plantel actual?
O Rodrigo Mascarenhas é uma contratação anterior à do Heshimu. Foi bem guardada para que fosse anunciada na altura devida. Já o conhecemos há muito tempo e vai com certeza ser uma mais-valia não só dentro como fora do campo.

É de esperar mais reforços para o plantel?

Estamos a trabalhar nisso e serão anunciados devidamente. A ideia é apostar num jogador estrangeiro para a posição de base. Tivemos que dispensar um base [referencia a Miguel Barroca], embora todos tivessem tido a mesma importância na conquista do bicampeonato. Desejo ao Miguel Barroca que faça uma grande época e que depois volte ao Benfica.

- O tricampeonato será o principal objectivo da equipa para a próxima temporada?
- Dentro da linha de filosofia da Direcção, o grande objectivo é o tricampeonato. Vamos tentar ganhar a Taça de Portugal que é uma competição que foge há muito tempo ao Clube. É importante, mas não tem a importância de sermos campeões. Queremos ser realmente tricampeões e ganhar umas Taças e, como foi anunciado, ver o que nós valemos a nível europeu que há tantos anos já lá não vamos.

O Benfica acabou por não vingar nas provas a eliminar – Troféu António Pratas, Taça Hugo dos Santos e Taça de Portugal. A que se deveu essa situação?

No Troféu António Pratas, que era antigamente a Taça da liga, não podemos dar a importância que damos à Taça de Portugal e mesmo à Taça Hugo dos Santos. É um torneio de preparação e jogamos com equipas teoricamente mais fracas, como é o caso da primeira fase onde defrontamos equipas da Proliga. A nossa preocupação nesse momento da época é prepararmos a equipa para as outras guerras. É evidente que estamos lá para ganhar, mas isso não é o factor principal. Este ano ainda poderá ser mais complicado porque nessa fase gostaríamos de fazer já alguns jogos com equipas estrangeiras e preparámo-nos para a competição europeia. Em relação ao falhanço nas outras Taças tem também a ver com as lesões, mas acima de tudo teve a ver com a solidez e química de jogo, com alterações que tivemos de fazer não só na troca de jogadores, mas também na adaptação que os jogadores estiveram de fazer a outras posições.